EDIÇÃO 04

Com um pequeno atraso a revista Outubro chega às mãos de nossos leitores. Como é sabido, publicar uma revista socialista no Brasil é um desfio sobre o qual incide uma variada gama de empecilhos. Apesar de todo nosso esforço não conseguimos evitar o atraso deste número. Temos certeza, entretanto, que os obstáculos de ordem operacional vividos pela revista estão sendo superados e este atraso não voltará a se repetir.

Tentamos compensar tal percalço com um volume variado de artigos que, por certo, despertarão no leitor um redobrado interesse.
Como já se tornou tradicional, nossa revista apresenta aos leitores uma nova contribuição sobre a natureza da crise atual do capitalismo. Contamos, neste número com a valiosa presença de Istán Mészáros, conhecido marxista húngaro radicado na Inglaterra, colaborador de Lukács nos anos que antecederam a intervenção soviética na Hungria e autor de vasta obra cujo ponto culminante é, sem dúvida, seu último livro, Para além do capital — a sair no Brasil pela editora Boitempo.
Os impactos da política neoliberal sobre o trabalho docente é analisado com argúcia por Marina Barbosa Pinto. Este artigo deve despertar particular interesse entre aqueles que, de uma maneira ou outra, lutam por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.

A teoria econômica do reformismo mereceu particular atenção neste volume de nossa revista. De fato, o debate sobre a “Terceira Via” e a atualização da estratégia reformista tem, nos dias atuais, preocupado um número cada vez maior de militantes socialistas. Através de dois artigos — do marxista italiano Ferruccio Gambino e do francês Michel Vakaloulis —, Outubro procura oferecer ao leitor uma leitura crítica daquela que se tornou uma das principais abordagens econômicas do reformismo contemporâneo: a assim conhecida, teoria francesa da regulação.

A reflexão sobre o imperialismo contemporâneo marca, também, este número. Ruy Braga analisa a relação entre os fundos internacionais , as estratégias de ajuste estrutural impostas às economias periféricas e o processo de reconstituição do colonialismo. O vínculo entre a guerra de Kosovo, a Otan e a ofensiva recolonizadora é, por sua vez, debatido por Marcelo Barbão e Carlos Taibo.

Finalmente, dando continuidade aos estudos sobre os problemas da transição ao socialismo, Marcio Bilharinho naves volta a contribuir com nossa revista.

Expressivas resenhas sobre problemática candentes no interior do campo do marxismo também compõem este número de outubro.
Esperamos, por tudo isso, que os leitores de Outubro desculpem nosso atraso e tenham uma ótima leitura.

Apresentação

A crise estrutural do capital

István Mészáros (University of SUSSEX, Inglaterra)

 

A subordinação do trabalho docente à lógica do capital

Marina Barbosa Pinto (UFF)

 

Crítica ao fordismo da escola regulacionista

Ferrucio Gambino (Università di Padova, Itália)

 

Acumulação flexível e regulação do capitalismo

Michel Vakaloulis (Université Paris VIII, França)

 

Globalização ou neocolonialismo: O FMI e a armadilha do ajuste

Ruy Braga (Unicamp)

 

Kosovo e a ofensiva recolonizadora do imperialismo

Marcelo Barbão (pesquisador independente)

 

A Otan e a crise de Kosovo

Carlos Taibo (Universidad Autónoma de Madrid, Espanha)

 

A transição socialista e a democracia

Márcio Bilharmino Naves (Unicamp)

 

RESENHAS

A crise estrutural do capital

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Resumo: Vivemos na era de uma crise histórica sem precedentes. Sua severidade pode ser medida pelo fato de que não estamos frente a uma crise cíclica do capitalismo mais ou menos extensa, como as vividas no passado, mas a uma crise estrutural, profunda, do próprio sistema do capital. Como tal, esta crise afeta — pela primeira vez em toda a história — o conjunto da humanidade, exigindo, para esta sobreviver, algumas mudanças fundamentais na maneira pela qual o metabolismo social é controlado.

Palavras-chace: 1. Crise; 2. Capitalismo; 3. Marxismo

EDIÇÃO 03

O conteúdo desse número da revista Outubro é marcado pela problemática da crise contemporânea e seus desdobramentos, bem como das estratégias da esquerda socialista brasileira diante de tal processo. Robert Brenner, autor do livro A economia da turbulência global (a sair pela editora Record), nos oferece um artigo cuja estrutura do argumento encontra-se expressa na sobrecapacidade e superprodução da industria em escala mundial. Brenner que se notabilizou pelos seus trabalhos de história econômica e, em particular, sobre a transição do feudalismo ao capitalismo, nos faz agora faz um claro convite à reflexão e ao debate sobre a crise econômica atual, em uma perspectiva marxista. Roberto Leher, por sua vez, analisa a política educacional do Banco Mundial para países subalternos e seus impactos no direcionamento do sistema educacional brasileiro. Sobre o tema da “Nova Esquerda”, Ricardo Antunes apresenta e analisa a “Terceira Via” inglesa a partir da reestruturação do Partido Trabalhista, sob a liderança de Tony Blair. Dando continuidade aos estudos sobre a natureza das sociedades soviéticas, Michel Löwy relembra Trotsky e Bernardo Cerdeira, polemizando com este, reflete sobre as relações entre bolchevismo e stalinismo.

O Dossiê sobre o futuro das esquerdas, produzido após a última derrota eleitoral de Lula para FHC, sintetiza, em grande medida, a análise sobre as estratégias e propostas necessárias à recomposição do campo socialista no país. Contando com a participação de expressivas lideranças do movimento sindical e partidário (Edmundo Fernandes Dias, Walter Pomar, Valério Arcary, Luciana Genro e Durval de Carvalho), esta seção da revista apresenta ao público e à militância, um sugestivo quadro das divergências e convergências que perpassam o debate e a prática dos revolucionários brasileiros.

O leitor conta, ainda com a já tradicional seção de resenhas.

Por tudo isso, desejamos a todos uma boa leitura.

 

Sumário

A crise emergente do capitalismo mundial: do neoliberalismo à depressão?

Robert Brenner (UCLA, Estados Unidos)

 

Um novo senhor da educação? A política educacional do Banco Mundial para a periferia do capitalismo

Roberto Leher (UFRJ)

 

A “Terceira Via” de “Tory” Blair: a outra face do neoliberalismo inglês

Ricardo Antunes (Unicamp)

 

Leon Trotsky, um profeta da Revolução de Outubro

Michel Löwy (CNRS, França)

 

Bolchevismo e stalinismo: um velho debate

Bernardo Cerdeira

 

O possível e o necessário: as estratégias das esquerdas

Edmundo Fernandes Dias (Unicamp)

 

O Rubicão petista

Valter Pomar (USP)

 

Cinco anotações provocativas sobre a urgência de um debate

Valério Arcary (Cefet-SP)

 

Esquerda pra que te quero?

Luciana Genro e Roberto Robaina

 

Em busca do fim do túnel

Durval de Carvalho

 


RESENHAS

O possível e o necessário: as estratégias das esquerdas

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Resumo

O processo da Revolução Russa expressou, durante décadas, no ideário e nas práticas das classes trabalhadoras, a alternativa ao capitalismo. Depois de várias décadas de confusão, um sem número de direções e organizações de esquerda, de diversas matizes, acabaram por fazer um giro e afirmar justo o contrário, sem dar-se conta da operação ideológica que “sustenta” essa mudança de “análise” e de práticas. Apartir daí, parte das esquerdas vêm proclamando a impossibilidade de uma alternativa real ao capitalismo e construindo suas táticas e estratégias a partir dessa constatação.

Palavras-chave: 1. Revolução Russa; 2. socialismo; 3. estratégia

EDIÇÃO 02

Sumário

Reforma agrária no Brasil: a intervenção do MST e a atualidade do programa de transição

Canrobert Costa Neto (UFRRJ)

 

Aprendendo a curvar-se: pós-fordismo e determinismo tecnológico

John Holloway (UAP, México) e Eloína Peláez (UAP, México)

 

Velhas ideologias para a “nova esquerda”. Tarso Genro e o revisionismo contemporâneo

Ruy Braga (Unicamp)

 

Teoria (dialética) do partido ou a negação da negação leninista

Hector Benoitv (Unicamp)

 

O marxismo como teoria “finita”

Louis Althusser

 

Stanilismo e capitalismo: “a disciplina do açoite”

Márcio Bilharinho Naves (Unicamp)