RESENHAS EDIÇÃO 19
Revista Outubro – Edição 19 – Resenha
JINKINGS, Ivana e PESCHANSKI, João Alexandre (orgs.). As utopias de Michael Löwy: reflexões sobre um marxista insubordinado. São Paulo: Boitempo, 2007
por Fabio Mascaro Querido
DURÃO, Fábio Akcelrud; ZUIN, Antônio; e VAZ, Alexandre Fernadez (orgs.). A indústria cultural hoje. São Paulo: Boitempo, 2009
por Sílvio César Camargo
DUAYER, Juarez. Lukács e a arquitetura. Niterói: Eduff, 2008
por João Leonardo Medeiros
BRAGA, Ruy e BURAWOY, Michael. Por uma sociologia pública. São Paulo: Alameda, 2009
por Bárbara Castro
BIANCHI, Alvaro. O laboratório de Gramsci: filosofia, história e política. São Paulo: Alameda, 2008
por Carlos Zacarias F. de Sena Júnior
EDIÇÃO 18 COMPLETA
Totalmente ao contrário do que foi anunciado pelas principais autoridades governamentais em setembro de 2008, a crise do processo de financeirização do capital que teve como gatilho o derretimento do sistema de financiamento de tipo suprime nos Estados Unidos alcançou a economia brasileira com uma força verdadeiramente avassaladora. Luiz Inácio Lula da Silva, confiante na tese do “desacoplamento” das economias emergentes, chegou a dizer que os efeitos da crise mundial sobre o Brasil seriam percebidos como uma “marolinha” passageira. A marola, como sabemos, transformou-se em um verdadeiro tsunâmi capaz de destruir os empregos, ameaçar a popularidade presidencial e inaugurar uma nova etapa de lutas sociais.
O debate econômico predominante, em especial, o midiático, acerca da natureza da presente crise econômica tem, frequentemente, ignorado o prodigioso acúmulo de estudos marxistas de elevada qualidade que veio à luz recentemente. A revista Outubro, já tendo publicado análises de importantes estudiosos marxistas desse processo, tais como István Mészáros, Michel Husson e François Chesnais, por exemplo, não poderia deixar de publicar novos artigos com este objetivo: debater, de um ponto de vista marxista, as principais características, a natureza e as possibilidades históricas abertas para o movimento socialista por essa crise. Para tanto, selecionamos um número significativo de importantes contribuições no intuito de avançarmos nesse debate.
Sumário
A financeirização do capital e a crise
John Bellamy Foster (University of Oregon, Estados Unidos)
A crise atual: uma perspectiva socialista
Leo Panitch (York University, Canadá) e Sam Gindin (York University, Canadá)
Por que o setor bélico estadunidense tende a agravar os problemas da economia?
Gilson Dantas (UnB)
Crise e recomposição do sistema de dominação global dos Estados Unidos: a nova ordem pan-americana
Luis Suárez Salazar (Universidade de Havana, Cuba)
Falsas promessas: neoliberalismo e a reforma da habitação pública na América do Norte, 1990-2007
Sean Purdy (USP)
(Neo)Liberalismo: da ordem natural à ordem moral
Eleutério F. S. Prado (USP)
A reconfiguração do movimento sindical no governo Lula
Andréia Galvão (Unicamp)
Intelectuais e política: observações acerca do transformismo nos escritos de Antonio Gramsci
Anita Helena Schlesener (UTP)
As esquinas perigosas de teoria marxista das revoluções: resposta à resenha crítica de Sérgio Lessa
Valerio Arcary (IFSP)
Elite e classe dominante: notas sobre o marxismo inspirado na teoria das elites
Danilo Enrico Martuscelli (Unicamp)
Outubro outra vez ou as pontes de Petrogrado
Luiz Renato Martins (USP)
A financeirização do capital e a crise
Resumo: A crise resultante do recente estouro da bolha imobiliária não representa apenas outro episódio de brusca contração creditícia do tipo tão recorrente na história do capitalismo, mas aponta para a crise da financeirização, processo de progressivo deslocamento da centralidade da produção em direção às finanças, que tem caracterizado a economia ao longo das últimas quatro décadas. Diante da tendência à estagnação própria às economias capitalistas modernas e a escassez de oportunidades novas e rentáveis para aplicação, na economia real, dos grandes volumes de excedente econômico gerado, a financeirização, juntamente com a expansão dos gastos militares, tem se colocado como a principal força propulsora do crescimento econômico desde os anos 1970, através de seus efeitos diretos sobre o emprego e indiretos pelo estímulo à demanda criado pela apreciação dos ativos.
Palavras-chave: 1. Crise econômica; 2. Financeirização; 3. Capitalismo
The financialization of capital and the crisis
Abstract: The resulting crisis of the recent crash of the housing bubble does not represent just another of the so recurrent massive credit crunches in the history of capitalism, but point to a crisis of financialization, the process of progressive displacement of the centrality of production towards finance that has characterized the economy the last four decades. In face of the tendency to stagnation of the modern capitalist economies and the lack of new and profitable investment opportunities in the real economy for the large amounts of economic surplus generated, financialization, besides the expansion of military expending, has become the main driving force of economic growth sincethe 1970’s, through its direct effects on employment and indirectly through the stimulus to demand created by an appreciation of assets.
Keywords: 1. Economic crisis; 2. Financialization; 3. Capitalism
A crise atual: uma perspectiva socialista
Por que o setor bélico estadunidense tende a agravar os problemas da economia?
Crise e recomposição do sistema de dominação global dos Estados Unidos: a nova ordem pan-americana
Falsas promessas: neoliberalismo e a reforma da habitação pública na América do Norte, 1990-2007
(Neo)Liberalismo: da ordem natural à ordem moral
A reconfiguração do movimento sindical no governo Lula
Intelectuais e política: observações acerca do transformismo nos escritos de Antonio Gramsci
As esquinas perigosas de teoria marxista das revoluções: resposta à resenha crítica de Sérgio Lessa
Elite e classe dominante: notas sobre o marxismo inspirado na teoria das elites
Resumo: O objetivo deste artigo é discutir o significado e os limites da apropriação da noção de elite por certas análises vinculadas à tradição teórica marxista, em especial sua variante anglo-saxônica representada pelos trabalhos de Tom Bottomore e Ralph Miliband. Entendemos que esta apropriação conceitual corrobora a tese elitista da separação dos poderes econômico e político, do enfoque subjetivista do poder e da concepção economicista das classes sociais. Polemizando com o marxismo com inspiração na teoria das elites, sustentamos que há uma correlação entre poder político e econômico que só se separam em situações excepcionais, cuja tendência é o restabelecimento da cumulatividade de poderes num momento posterior. Além disso, indicamos que a noção de elite não é adequada para a compreensão das relações de poder entendidas como relações de classe.
Palavras-chave: 1. elite; 2. classe dominante; 3. marxismo.
Elite and ruling class: notes on elite theory inspired Marxim
Abstract: The purpose of this article is to discuss the meaning and the limits of the appropriation of the notion of “elite” by some analysis linked to the Marxist theoretical tradition, especially its Anglo-Saxon variant represented by Tom Bottomore and Ralph Miliband’s writings. This conceptual appropriation confirms the elitist thesis of separation of the economic and political powers, of the subjective approach of power and of the economicist conception of social classes. Debating against the elite theory inspired Marxism, we sustain that there is a correlation between economic and political powers. These powers are split only in exceptional circumstances and, even so, these circumstances tend to subsequently restore the bond between those two kinds of power. Besides, we indicate that the notion of “elite” is not adequate to understand the relationships of power, conceived here, in a restrict way, as class relationships.
Keywords: 1. elite; 2. ruling class; 3. Marxism.
Outubro outra vez ou as pontes de Petrogrado
EDIÇÃO 17 COMPLETA
Este ano a famosa frase “Défense d’interdire!” (É proibido proibir!) completa quarenta anos. A revolta mundial estudantil-operária mais importante do século XX será lembrada em debates e artigos por aqueles que, simplesmente, não podem esquecer que há exatos quarenta anos, enquanto o Brasil vivia o endurecimento do brutal regime ditatorial civil-militar, jovens estudantes e operários franceses lutando contra a repressão policial exigiam realisticamente o impossível nas ruas de Paris. A revista Outubro em se somar às comemorações dos quarenta anos do Maio de 68 publicando o documento: “Maio de 1968, não é mais que um começo…”
Sumário
1968 e depois: os estudantes e a condição proletária
Ruy Braga (USP) e Alvaro Bianchi (Unicamp)
Podemos escrever a história da Revolução Russa? Uma reposta tardia a Eric Hobsbawm
Kevin J. Murphy (University of Massachusetts, Estados Unidos)
O Imperialismo: de Lenin aos dias atuais
Virginia Fontes (UFF)
Sobre a consistência lógica da lei tendencial da queda da taxa de lucro de Marx
Guglielmo Carchedi (University of Amsterdam, Holanda)
Os fundamentos marxistas de uma sociologia do cotidiano
Marcelo S. Masset Lacombe (Unicamp)
O Capitólio e o Vaticano: formas contemporâneas da regressividade
Maria Orlanda Pinassi (Unesp – Araraquara)
A reedição capitalista das crises ambientais
Guillhermo Foladori (UAZ, México)
Os meios que se perderam dos fins: cooperativas fabris e autogestão dos trabalhadores
Maria Cristina Soares Paniago (UFAL)
Maio de 1968, não é mais que um começo…
1968 e depois: os estudantes e a condição proletária
Resumo: Com muita freqüência, é possível encontrar análises sobre o Maio de 68 que advogam a idéia de que as lutas estudantis do final dos anos 1960 teriam, na verdade, preparado a sociedade francesa para o advento do neoliberalismo. Argumentamos nesse artigo que o verdadeiro sentido dessas análises consiste em recalcar o trauma representado pela aliança operário-estudantil na maior greve geral da história européia. Assim, analisamos os vínculos entre as greves operárias e a agitação estudantil buscando compreender as razões profundas da convergência de dois mundos, aparentemente, tão distantes quanto as fábricase as universidades, em um mesmo movimento de luta e contestação.
Palavras-chave: 1. Maio de 1968; 2. Trabalho; 3. Juventude; 4. Socialismo
Podemos escrever a história da Revolução Russa? Uma reposta tardia a Eric Hobsbawm
O Imperialismo: de Lenin aos dias atuais
Resumo: Para apresentar a análise de Lenin sobre o imperialismo, recorremos à obra literária de Jack London, evidenciando como o início do século XX se assemelhou a experiências sociais contemporâneas. A expansão e as contradições do imperialismo atual são abordadas em três eixos: o aprofundamento da socialização das forças produtivas e da divisão da classe trabalhadora; as transformações na propriedade burguesa e, finalmente, algumas características da universalização capitalista.
Palavras-chave: 1. Imperialismo; 2. Vladimir Lenin; 3. Jack London
Imperialism: from Lenin to the current days
Abstract: In order to present Lenin’s analysis about imperialism, we use Jack London’s literary works to put in evidence similarities between the beginning of the 20th century and the contemporaneous social experiences. The expansion and the contradictions of contemporary imperialism are examined along three axes: the deepening of both the socialization of the productive forces and the division of the working class; the changes in the bourgeois property; and, finally, some aspects of capitalist universalization.
Keywords: 1. Imperialism; 2. Vladimir Lenin; 3. Jack London