Edição 23

Apresentação

A revista chega a seu número 23 reestabelecendo definitivamente sua periodicidade semestral e mantendo a qualidade dos artigos publicados. A publicação desta edição marca ainda uma importante renovação no site da revista (www.outubrorevista.com.br). Além de um visual mais atraente e dinâmico, o novo site traz todas as edições anteriores, reorganiza os artigos publicados tematicamente, integra os conteúdos de maneira mais efetiva com as redes sociais e permite a submissão de artigos e resenhas on-line.

A revista continua fiel a seu propósito de marcar presença no debate internacional de ideias e publica em português importante artigo do professor e ativista grego Panagiotis Sotiris sobre o futuro de seu país depois da vitória eleitoral da coalizão de esquerda Syriza em janeiro de 2015. A seguir, o historiador Bryan D. Palmer reconstrói a trajetória da greve dos caminhoneiros de Minneapolis, responsável pela renovação do sindicalismo nos Estados Unidos nos anos 1930. Cinzia Arruzza, por sua vez, sintetiza em seu artigo o debate sobre o patriarcado e capitalismo entre as feministas nas últimas décadas e procura expor as bases para uma abordagem unitária de inspiração marxista para entender a opressão da mulher.

Os artigos de Eleutério F. S. Prado e Maria Elisa Cevasco trazem importantes contribuições para dois importantes campos disciplinares: a economia política e os estudos culturais.O objetivo de ambos artigos é discutir os problemas enfrentados pelo marxismo nesses dois campos, testar sua capacidade explicativa e apontar linhas a partir das quais a investigação crítica poderia se desenvolver. Encerram a seção de artigos uma crítica ao conceito de novo-desenvolvimentismo, fortemente ancorada em uma leitura da obra de Marx, de autoria e Bianca Imbiriba Bonente e Hugo Figueira Corrêa, e um estudo comparativo, de Deni Ireneu Alfaro Rubbo sobre dois expoentes do marxismo aberto: a polonesa Rosa Luxemburgo e o peruano José Carlos Mariátegui.

A seção de resenhas dá os primeiros passos em sua reformulação que deve ser completada já nas próximas edições: resenhas mais curtas e menos descritivas, convidando à leitura e estimulando à reflexão sobre um número maior de obras. Nesta edição são resenhados livres de David Harvey, Wendy Goldman, Demian Melo, Paulo Cunha e Domenico Losurdo. Fica o convite aos autores para enviarem resenhas. O livro escolhido precisa ter afinidade com a proposta editorial da revista, ter sido publicado no Brasil há menos de dois anos. A resenha deverá conter entre 6.000 e 10.000 caracteres e apresentar a referência completa do livro resenhado.

Boa leitura!

Sumário da revista Outubro n. 23

Artigos

Uma estratégia de rupturas: dez teses sobre o futuro grego
Panagiotis Sotiris
Universidade do Egeu (Grécia)

Caminhoneiros vermelhos: o sindicalismo democrático nos Estados Unidos
Bryan D. Palmer
Trent University (Canadá)

Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado  e/ou capitalismo
Cinzia Arruzza
The New School for Social Research (Estados Unidos)

Economia Política: os descaminhos da crítica
Eleutério Prado
Universidade de São Paulo (USP)

Fim de linha ou aposta na relevância?
Maria Elisa Cevasco
Universidade de São Paulo (USP)

Desenvolvimento sem “ismos”: uma crítica ao novo-desenvolvimentismo a partir dos Grundrisse de Marx
Bianca Imbiriba Bonente e Hugo Figueira Corrêa.
Universidade Federal Fluminense (UFF)

José Carlos Mariátegui e Rosa Luxemburgo
Deni Rubbo
Universidade de São Paulo (USP)

Resenhas

HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. Trad. de Jeferson Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2014
Por Marco Pestana
Universidade Federal Fluminense (UFF)

GOLDMAN, Wendy. Mulher, estado e revolução. São Paulo: Boitempo; Iskra, 2014.
Por Daniela Mussi
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

MELO, Demian Bezerra de (org.). A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio de Janeiro. Editora Consequência, 2014.
Por Wesley Rodrigues de Carvalho
Universidade Federal Fluminense (UFF)

CUNHA, Paulo Ribeiro da. Militares e militância. Uma relação dialeticamente conflituosa. São Paulo: Editora UNESP, 2014.
Por Carlos Zacarias de Sena Júnior
Universidade Federal da Bahia (UFBA)

LOSURDO, Domenico. Stalin: história crítica de uma lenda negra, Rio de Janeiro: Revan, 2010.
Por Rodrigo Passos
Universidade Estadual Paulista (Unesp-Marília)

Uma estratégia de rupturas: dez teses sobre o futuro grego


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Uma estratégia de rupturas: dez teses sobre o future grego
Resumo: O artigo discute os rumos das organizações de esquerda na Grécia após a histórica vitória da coalizão Syriza, no dia 25 de janeiro de 2015. A partir de uma avaliação sobre a correlação de forças da política grega e das pressões da Troika, o autor indaga o que é necessário ao Syriza para conseguir desenvolver uma alternativa que consiga fazer frente à política de austeridade europeia. É na importância da dialética das demandas imediatas e das mudanças radicais que Sotiris centra seus esforços, mostrando que qualquer vertente da esquerda no poder deve estar diretamente conectada às lutas populares, e não aos compromissos com as classes dominantes.
Palavras-chave: 1. Grécia. 2. Syriza. 3. União Européia.

A Strategy of Ruptures: Ten Theses on Greece’s Future
Abstract: This article discusses the future of leftwing organizations in Greece after the historical victory of Syriza in the elections of January 25th. Based on the evaluation of the correlation of forces in the Greek politics and the pressures from the Troika, the author questions what is necessary for Syriza to develop an alternative capable of confronting European austerity. The importance of the dialectics between immediate demands and the radical changes is in the center of Sotiris’ analyses, showing that any leftwing organization in power should be directly connected to the popular forces and not to any compromises with the ruling classes.
Keywords: 1. Greece. 2. Syriza. 3. European Union

Caminhoneiros vermelhos: o sindicalismo democrático nos Estados Unidos


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Caminhoneiros vermelhos: o sindicalismo democrático nos Estados Unidos
Resumo: Esse artigo analisa as três greves construídas pelos caminhoneiros de Minneapolis em 1934. Enfatizando os laços estabelecidos entre líderes trotskistas, uma ampla base de trabalhadores crescentemente mobilizada e elementos da comunidade, demonstra como foi possível derrotar a poderosa coalizão de burocratas sindicais, patrões e forças estatais, no contexto da Grande Depressão.
Palavras-chave: 1. Greves. 2. Sindicatos. 3. Estados Unidos.

Red Teamsters: the democratic unionism in the United States
Abstract: This article analyses the three strikes waged by the Minneapolis Teamsters in 1934. By emphasizing the bonds established between the Trotskyist leadership and a broad and increasingly mobilized body of rank-and-file workers and community members, it shows how it was possible to defeat the mighty coalition of union bureaucrats, employers and state powers in the Great Depression.
Keywords: 1. Strikes. 2. Unions. 3. United States.

Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado e/ou capitalismo


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Considerações sobre gênero: reabrindo o debate sobre patriarcado e/ou capitalismo
Resumo: Neste artigo procura-se esclarecer os limites de um pensamento fragmentado, que fotografa as várias formas de opressões sem capturar sua unidade intrínseca, reconduzindo, ao contrário, cada parte desta unidade a um sistema autônomo. Além disso, busca criticar uma leitura da relação entre capitalismo e opressão de gênero baseada na tese do “capitalismo indiferente”, a qual considera a opressão de gênero como não necessária do ponto de vista do capital, tratando-se de uma relação meramente oportunista e contingente. Por fim, busca argumentar em defesa de uma “teoria unitária” para pensar a relação entre a opressão das mulheres e o capitalismo, inspirada nas contribuições do pensamento Karl Marx. Esta teoria parte da premissa de que a opressão de gênero não corresponde a um sistema autônomo e dotado de causas próprias, mas que se tornou através de um longo processo histórico de dissolução das precedentes formas de vida social, parte integrante da sociedade capitalista.
Palavras–chave: 1. Gênero. 2. Patriarcado. 3. Capitalismo.

Remarks about gender: reopening the debate about patriarchy and/or capitalism
Abstract: This article tries to clarify the limits of a fragmentary thought that captures the different forms of oppression without considering their intrinsic unity, leading each part of it to an autonomous system. Besides, the text criticizes the interpretation of the relationship between capitalism and gender oppression based on the idea of an “indifferent capitalism”, that considers gender oppression as not needed in Capital’s point of view, being merely an opportunist and contingent relationship. It argues for a unitary theory, inspired in Marx’s contributions, to think the relationship between capitalism and oppression. This theory assumes the idea that gender oppression does not correspond to an autonomous system provided with singular causes, but one that has become part of capitalist society in a long historical process of dissolution of the preceding forms of social life.
Keywords: 1. Gender. 2. Patriarchy. 3. Capitalism

Economia Política: os descaminhos da crítica


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Economia Política: os descaminhos da crítica
Resumo: O artigo toma como bem difícil a correta compreensão da dialética de O capital e, assim, da crítica da Economia Política. Com a intenção de mostrar quão arisca e árdua é essa dificuldade, apoia-se principalmente na tradição brasileira de leitura das obras de Marx que versam especificamente sobre o modo de produção capitalista. E, para melhor expô-la, examina alguns pontos usualmente tomados como dificuldades importantes nos debates. Para fazê-lo, questiona certas teses de autores marxistas renomados que versam – sustenta-se que se equivocam – sobre o método desse autor.
Palavras chaves: 1. Método dialético. 2. Capitalismo. 3. Karl Marx.

Political Economy: when the critique goes astray
Abstract: This article considers the correct understanding of the dialectics found in The Capital and, thus, of the critique of Political Economy, as a very difficult endeavor. In order to show how elusive and hard is this effort, the paper mainly draws from the Brazilian tradition of reading the works of Marx that specifically deal with the capitalist mode of production. With this intention, it examines some methodological points usually taken as crucial difficulties in the debates. In order to do this, it questions certain theses of renowned Marxist authors that deal with this author’s method and argues that they are wrong.
Keywords: 1. Dialectic method. 2. Capitalism. 3. Karl Marx.

Estudos culturais: fim de linha ou aposta na relevância?


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Estudos culturais: fim da linha ou aposta na relevância?
Resumo: Este trabalho apresenta um breve exame da história da formação da disciplina de estudos culturais interrogando-se a respeito de sua relevância para o século XXI. Em seu momento inicial, na Grã-Bretanha dos anos 1950, no qual se destacou o trabalho de Raymond Williams, o modo de abordagem dos fenômenos culturais levava em conta a necessidade de se pensar a cultura e a sociedade como manifestações de um modo de vida. A crítica cultural era, assim uma forma de conhecimento e interpretação de uma realidade sócio-histórica. Essa perspectiva entrou em declínio nos anos 1990, quando expoentes dos estudos culturais passaram a acompanhar o ritmo pós-moderno afirmando a impossibilidade de qualquer interpretação ou tomada de posição em um mundo no qual predominaria o contingente e indeterminado. As obras de Michael Denning e Frederic Jameson aparecem como uma alternativa a essa guinada pós-moderna. Enquanto o primeiro incita a penar uma teoria da cultura como trabalho e produção, o segundo insiste na ideia de que as formas dos produtos da cultura de massa são um lugar privilegiado para observar o modo de produção capitalista, ao mesmo tempo que enfatiza a necessidade da Utopia e de seu potencial revolucionário.
Palavras- chave: 1. Estudos Culturais. 2. Pós-modernismo. 3. Capitalismo.

Cultural studies: end of line or betting on relevance?
Abstract: This article presents a brief assessment of the history of the formation of cultural studies as a discipline, questioning its relevance for the 21st century. In its beginning, in the Great Britain of 1950’s, when Raymond Willians’ work stood out, the method of study of the cultural phenomena took into account the necessity of thinking culture and society as manifestations of a way of life. The cultural critique was, therefore, a way of knowledge and interpretation of a socio-historical reality. This perspective declined in the 1990s, when the exponents of the cultural studies started to follow a post-modern rhythm sustaining the impossibility of any interpretation or assuming any position in a world where contingency and indetermination prevailed. The work of Michael Denning and Frederic Jameson became an alternative to this post-modern turn. While the former incites the thinking of a theory of culture as labor and production, the later insists on the idea that the forms of mass culture are a privileged place to observe the capitalist mode of production, at the same time that he emphasizes the need of Utopia and its revolutionary potential.
Keywords: 1. Cultural Studies. 2. Post-modernism. 3. Capitalism.

Desenvolvimento sem “ismos”: uma crítica ao novo-desenvolvimentismo a partir dos Grundrisse de Marx


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Desenvolvimento sem “ismos”: uma crítica ao novo-desenvolvimentismo a partir dos Grundrisse de Marx
Resumo: O artigo tem por finalidade inspecionar criticamente o movimento (teórico/político) que vem se definindo como “novo-desenvolvimentista”. Surgido no rescaldo do fracasso do neoliberalismo na América Latina, o novo-desenvolvimentismo pretende constituir uma “alternativa aos males do capitalismo” por meio de uma atividade estatal capaz de se conjugar harmonicamente com mercados “fortes” – isso é, definidores do norte da vida social. Apesar do apoio encontrado por essa visão mesmo em setores da sociedade tradicionalmente associados à esquerda, pretendemos aqui chamar atenção para a necessidade da crítica radical, nos valendo para isso das indicações deixadas por Marx em seus esboços da crítica à Economia Política. Palavras-chave: 1. Desenvolvimentismo. 2. Novo desenvolvimentismo. 3. Crítica da Economia Política.

Development without “isms”: a critique to the neo-developmentalism, based on Marx’s Grundrisse
Abstract: This article aims to critically inspect the (theoretical/political) movement self-called as “neo developmentalism”. Appearing in the aftermath of neoliberalism’s failure in Latin America, neo-developmentalism argues for an ‘alternative to capitalism evils’ by means of a state activity capable of harmonically connecting with ‘strong’ markets – i.e., markets that define the sense of social life. Although this perspective had found support among sectors of society traditionally associated with the left, our goal is to point to the need of a radical critique, and for that we used the indications left by Marx in his Grundrisse.
Keywords: 1. Developmentalism. 2. Neo Developmentalism. 3. Critique of Political Economy.

José Carlos Mariátegui e Rosa Luxemburgo


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José Carlos Mariátegui e Rosa Luxemburgo
Resumo: Embora José Carlos Mariátegui mencione em poucos momentos o nome de Rosa Luxemburgo, é possível flagrar um vivo interesse do pensador peruano a respeito da obra e vida da marxista. O objetivo principal deste artigo é apresentar e analisar, de maneira necessariamente exploratória, em quais momentos se faz presente a apropriação de Rosa e sua importância no pensamento de Mariátegui. Podemos vislumbrar esse percurso em dois momentos: 1) na análise política que leva a cabo sobre a Revolução Alemã e o lugar que a judia polonesa ocupa nessa explicação; e 2) na comparação ético-política entre a mística dos revolucionários e de religiosos cristãos do passado, como Teresa D’Ávila. Somado a isso, ambos demarcam uma análise similar sobre vários aspectos da socialdemocracia e do marxismo positivista da Segunda Internacional, caracterizados por uma concepção fechada, rígida, mecânica do marxismo, o que é motivo de rechaço por ambos os pensadores, signatários de um marxismo “aberto”.
Palavras-chave: 1. José Carlos Mariátegui. 2. Rosa Luxemburgo. 3. Revolução Alemã. 4. Marxismo aberto.

José Carlos Mariátegui and Rosa Luxemburgo
Abstract: Although José Carlos Mariátegui mentions Rosa Luxemburg in few moments of his own work it is possible to discover a vivid interest of the Peruvian thinker regarding both her life and work. The major aim of this article is to present and analyze, in a necessarily exploratory way, in which moments occurs his appropriation of Rosa’s thought and its specific importance in Mariátegui’s thought. It is possible to discern this course in two moments: 1) in the analysis he made concerning the German Revolution and the place occupied by that Polish Jew in this explanation and 2) in the ethical-political comparison between the mystique of the revolutionaries and that of the ancient Christians religious people, such as Teresa D’Ávila. Besides, both have a similar analysis about several aspects of social-democracy and the positivist Marxism of the Second International, characterized by an enclosed, rigid and mechanical concept of Marxism, which is the reason for rejection by the two thinkers, who are signatories of an “open” Marxism.
Keywords: 1. José Carlos Mariátegui. 2. Rosa Luxemburg. 3. German Revolution. 4. Open Marxism.