EDIÇÃO 16 COMPLETA

Materiais para um marxismo crítico

O ano de 2007, além de comemorarmos os 90 anos da Revolução de Outubro de 1917, está sendo um ano verdadeiramente muito especial, muito além da efeméride, para o marxismo acadêmico brasileiro. Em primeiro lugar, tivemos no mês de agosto a realização do I Colóquio Marx e os Marxismos na Universidade de São Paulo (USP). Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por sua vez, teremos a realização de mais uma versão do V Internacional Colóquio Marx-Engels, nosso mais tradicional e importante encontro de marxólogos e marxistas, ocasião na qual estaremos realizando o Encontro nacional da revista Outubro. E, completando essa revitalização institucional do marxismo acadêmico no Brasil, foi realizada no 31º Encontro Anual da Associação nacional de Pós graduação em Ciências Sociaias (Anpocs) uma muito bem sucedida Sessão Temática dedicada ao “Marxismo e as Ciências Sociais”.

A rearticulação do campo marxista acadêmico no Brasil dá mostras de vitalidade, apontando, concomitantemente, para um futuro promissor. A revista Outubro tem buscado fortalecer essa rearticulação por intermédio tanto da iniciativa pessoal de nossos colaboradores quanto do fortalecimento de nosso projeto político-editorial. O volume que o leitor tem em mão testemunha, sem dúvidas, esse fortalecimento. Senão, vejamos…

Em “As contradições e os antagonismos próprios ao capitalismo mundializado e suas ameaças para a humanidade”, François Chesnais, nosso conhecido colaborador, descortina uma síntese de época. Mesclando análise crítica e raciocínio programático, o economista francês resgata aquilo que há de mais instigante na tradição teórica marxista: a contestação científica do capitalismo. O mesmo tema vamos encontrar no artigo de Luciano Vasapollo. De certa forma, os dois artigos dialogam um com o outro e complementam-se mutuamente oferecendo ao leitor uma visada larga sobre as principais contradições capitalistas contemporâneas, assim como sobre as possibilidades de saída para a crise contemporânea.

Dando seqüência à vocação de analisar a teoria marxista à luz das particularidades brasileiras, submetemos ao leitor o texto de Felipe Demier acerca da relação entre a teoria do desenvolvimento desigual e combinado de León Trotsky e a produção intelectual marxista brasileira que desafiou a interpretação “canônica” stalinista e filo-stalinista dos anos de 1950-1960 a respeito da formação social brasileira. Trata-se de um tema ainda pouco explorado pela literatura especializada e que recebe um significativo aporte de nossa parte.

O artigo de Alvaro Bianchi reflete sobre a relação entre democracia e revolução no pensamento de Marx e Engels. O autor explora os meandros do pensamento político de Marx e Engels no momento de consolidação da nova visão social de mundo que conhecemos por marxismo. Sérgio Lessa, por sua vez, focaliza em seu artigo o debate contemporâneo em torno das condições objetivas e subjetivas para a revolução social. Sergio Lessa.

Dando seqüência às preocupações da revista Outubro de sempre debater assuntos polêmicos constantes da pauta atual dos movimentos sociais, publicamos dois artigos extremamente contemporâneos: Marcelo Badaró Mattos discute o problema das políticas sociais afirmativas e Hajime Nozaki e Adriana Machado Penna debatem o papel do esporte na atual fase imperialista. No momento em que a opinião pública e a comunidade acadêmica começam a discutir com mais profundidade a política do governo Lula de expansão das vagas no ensino superior e no ano em que foi realizado os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro esses artigos mostram o caráter propriamente coetâneo da crítica marxista que buscamos sempre estimular e ecoar.

E fechando esse número de Outubro, apresentamos um trabalho de Nicolas Tertulian que nos brinda com as principais linhas de força e cada uma das duas últimas grandes obras de Georg Lukács, a Estética e a Ontologia do Ser Social. No ano em que comemoramos os 90 anos da Revolução de Outubro, nossa revista demonstra com esse número a qualidade de seu engajamento na atual luta ideológica, consciente da importância do papel que um marxismo crítico e revigorado em sua capacidade teórica ainda desempenhará nas próximas décadas. Por tudo isso, nós da secretaria de redação desejamos a todos uma ótima leitura.

Sumário

As contradições e os antagonismos próprios ao capitalismo mundializado e suas ameaças para a humanidade

François Chesnais (Université Paris XIII, França)

 

Crescimento, guerra, meio ambiente e imperialismo: contradições capitalistas do século 21

Luciano Vasapollo (Università di Roma “La Sapienza”, Itália)

 

A lei do desenvolvimento desigual e combinado de León Trotsky e a intelectualidade brasileira

Felipe Demier (UFF)

 

Democracia e revolução no pensamento de Marx e Engels (1847-1850)

Alvaro Bianchi (Unicamp)

 

Revolução e contra-revolução, fator subjetivo e objetividade

Sergio Lessa (UFAL)

 

Cotas, raça, classe e universalismo

Marcelo Badaró Mattos (UFF)

 

O novo papel do esporte no contexto da ofensiva imperialista recolonizadora

Hajime Takeuchi Nozaki (UFMS) e Adriana Machado Penna (UERJ)

 

O pensamento do último Lukács

Nicolas Tertulian (EHESS, França)

 

 

Resenhas

CAMARGO, Sílvio. César. Modernidade e dominação: Theodor Adorno e a teoria social contemporânea. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2006,
por Luciana Rodrigues Alves

SECCO, Lincoln, Gramsci e a revolução. São Paulo: Alameda, 2006,
por Luciana Aliaga

KAREPOVS, Dainis. A classe operária vai ao Parlamento: o Bloco Operário e Camponês do Brasil. São Paulo: Alameda, 2006,
por Carlos Zacarias F. de Sena Júnior

AMORIM, Henrique. Teoria social e reducionismo analítico. Caxias do Sul: Educs, 2006,
por Leandro de Oliveira Galastri

A lei do desenvolvimento desigual e combinado de León Trotsky e a intelectualidade brasileira


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Resumo: O tema do presente artigo é a relação que acreditamos existir entre o pensamento trotskista e parcela significativa da intelectualidade brasileira que nos anos 1960-1970 destacou-se por trabalhos dotados de uma perspectiva crítica das leituras “dualistas” e “etapistas” sobre a realidade sócio-histórica nacional. Mais especificamente, nos propomos a discutir como o conceito de desenvolvimento desigual e combinado, formulado pelo revolucionário russo Leon Trotsky se mostrou, de certo modo, presente em autores que, no meio acadêmico, contrapuseram-se à lógica da interpretação da realidade brasileira utilizada pelos intelectuais nacionalistas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e por teóricos do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Palavras-chave: 1. Desenvolvimento desigual e combinado; 2. Leon Trotsky

 

Leon Trotsky’s law of uneven and combined development and Brazilian intellectuals

Abstract: The subjetc of this article is the relationship we believe to exist between the Trotskyst ideas and a significant part of Brazilian intellectuals who in the 1960s and 1970s outstood for the critical works on “dualistic” or “stage-wise” theories about the country’s social and historical reality. More specifically, we aim at debating how the concept of uneven and combined development formulated by the russian revolutionary Leon Trotsky has shown to be somehow present among the authors who in the academic milieu were opposed to the nationalistic perspective of intellectuals from the Latin American and Caribbean Committee (CEPAL) and from the Brazilian Communist Party (PCB).

Keywords: 1. Uneven and combined development; 2. Leon Trotsky

 

 

 

Democracia e revolução no pensamento de Marx e Engels (1847-1850)


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Resumo: Utilizado pela primeira vez por Karl Marx em A questão judaica (1843), o conceito de revolução permanente indicava o caráter ininterrupto da mudança política e social na Alemanha. Inspirado nas transformações políticas e sociais ocorridas na França entre 1789 e 1793, o conceito procurava dar conta de uma situação na qual, ao contrário daquela que lhe serviria como fonte de inspiração, a emancipação política deveria ser precedida pela emancipação social para se realizar. A relação existente entre democracia e revolução, subjacente a esta problemática, ocupará a atenção de Marx e Engels nos anos imediatamente anteriores às revoluções de 1848 e 1849 na Europa. É a partir dessas experiências revolucionárias europeias que Marx retomará, em 1851, a ideia de revolução permanente, procuranto, através deste conceito descrever a relação existente entre revolução democrática e revolução social no processo de transformação social. O objetivo do presente trabalho é discutir o processo de construção de uma crítica marxiana da democracia e o lugar ocupado nessa crítica pelo conceito de revolução permanente.

Palavras-chave: 1. Democracia; 2. Revolução; 3. Revolução permanente

 

Democracy and permanent revolution in Marx and Engels’ thought (1847-1850)

Abstract: Firstly used by Karl Marx in the Jewish Question (1843) the concept of permanent revolution indicated the uninterrupted character of the social and political change in Germany. Inspired in the political and social changes which occurred in France between 1789 and 1793, this concept tried to deal with a situation in which, contrarily to what which inspired it, the political emancipation, to be accomplished, should be preceded by the social emancipation. The relationship between democracy and revolution, underlying this issue, will attract Marx and Engels’ attention in the years prior to the 1848 and 1849 revolutions in Europe. Based on these experiences, Marx will resume, in 1851, the idea of permanent revolution, trying by means of this concept, to describe the relationship between the democratic and social revolution in the process of social transformation. The aim of this paper is to debate the process of building a Marxian critique of democracy and the place of the concept of permanent revolution within this critique.

Keywords: 1. Democracy; 2. Revolution; 3. Permanent revolution

 

O novo papel do esporte no contexto da ofensiva imperialista recolonizadora


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Resumo: O presente artigo tem por objetivo identificar o novo papel do esporte no contexto de produção de políticas hegemônicas imperialistas, como estratégia de recomposição capitalista no início do século XXI. Para tanto, apontará os esforços da ONU no estabelecimento de consensos para o alívio da pobreza e para a promoção da paz entre os povos e o papel atribuído por ela ao esporte. Em segundo momento, abordará o caso da utilização do esporte na política governamental brasileira, inserida no contexto neoliberal.

Palavras-chave: 1. Imperialismo; 2. Esporte; 3. Organização das Nações Unidas

 

The new role of sport in the context of the recolonizing imperialist offensive

Abstract: The aim of this paper is to identify sport’s new function in the context of imperialistic hegemonic policies as a strategy of capitalist recomposition in the the beginning of the XXI century. For such it points to the UN efforts for the establishment of consensuses for poverty relief and peace promotion between the peoples and the function attributed to the sport in this context. After that, it deals with the use of sport in the polices of Brazilian governments in the neoliberal context.

Keywords: 1. Imperialism; 2. Sport; 3. United Nations

 

 

RESENHAS EDIÇÃO 16


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Revista Outubro – Edição 16 – Resenha

CAMARGO, Sílvio. César. Modernidade e dominação: Theodor Adorno e a teoria social contemporânea. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2006,
por Luciana Rodrigues Alves

SECCO, Lincoln, Gramsci e a revolução. São Paulo: Alameda, 2006,
por Luciana Aliaga

KAREPOVS, Dainis. A classe operária vai ao Parlamento: o Bloco Operário e Camponês do Brasil. São Paulo: Alameda, 2006,
por Carlos Zacarias F. de Sena Júnior

AMORIM, Henrique. Teoria social e reducionismo analítico. Caxias do Sul: Educs, 2006,
por Leandro de Oliveira Galastri

EDIÇÃO 15 COMPLETA

À luz da teoria social e marxista, uma forma de entender melhor o mundo atual

Em seu mais recente número, a revista Outubro traz como destaque principal a questão palestina, que se arrasta há décadas e é ponto-chave no complexo xadrez geopolítico de uma região já marcada pela instabilidade, o Oriente Médio. No artigo “Argumentos para a Palestina”, o pesquisador argentino Cláudio Katz desmente alguns dos principais mitos a respeito da ação israelense contra o Líbano em 2006. Após analisar os dilemas e limites do nacionalismo árabe e apresentar duas alternativas para a questão palestina, Katz defende a formação de um único Estado, laico e democrático, proposta ousada e oposta ao modelo sionista e às vertentes teocráticas promovidas pelo integrismo islâmico.

Outros temas, igualmente atuais, também se fazem presentes neste número. A encruzilhada política vivida hoje pela Bolívia é abordada no artigo do antropólogo boliviano Pablo Regalsky, que destaca a série de mobilizações sociais que refletem a entrada em cena dos camponeses de origem quíchua e aimará que ocorrem no bojo da chegada do também aimará Evo Morales à presidência da Bolívia. A experiência cubana de planificação da economia na década de 1960 é o ponto de partida dos professores de economia da UFU e UFES respectivamente, Marcelo Carcanholo e Paulo Nakatani, para discutir as relações e divergências entre o mercado e a planificação socialista.

A partir do estudo do trabalho e rotina dos operadores de telemarketing, o artigo de Ruy Braga, professor do Departamento de sociologia da USP, apresenta a “outra face” do trabalho informacional e cotejando, ao menos em parte, a miséria do trabalho informacional autêntico com a prosperidade do trabalho informacional idealizado.

Publicada pelo Instituto de Estudos Socialistas e editada pela Alameda Editorial, a Outubro mantém sua identidade, marcada pelo debate crítico de temas relacionados à política internacional e a ciência política, passando pela história, sociologia e economia.

Índice

 

O Estado e a construção de Estados

Bob Jessop (Lancaster University, Inglaterra)

 

Bolívia na encruzilhada: o governo de Morales e a política indígena

Pablo Regalsky (SENDA, Bolívia)

 

Argumentos pela Palestina

Claudio Katz (UBA, Argentina)

 

A vingança de Braverman ou a “outra face” do trabalho informacional

Ruy Braga (USP)

 

Classes sociais em metamorfose: o caso francês

Paul Bouffartigue (CNRS, França)

 

A totalidade como categoria central na dialética marxista

Edmilson Carvalho (UCSAL)

 

A planificação socialista em Cuba e o grande debate dos anos 1960

Marcelo Dias Carcanholo (UFU) e Paulo Nakatani (UFES)

 

Resenhas

Domenico Losurdo. Antonio Gramsci::
do liberalismo ao “comunismo crítico”
Rio de Janeiro: Revan, 2006.
por Leandro Galastri

Edmundo Fernandes Dias. Política brasileira:
embate de projetos hegemônicos.
São Paulo: Instituto José Luiz e Rosa Sunderemann
2006. Série Polêmicas, 4.
por Maria Amélia Ferracciú Pagotto

Felipe Demier (coord.). As transformações do PT e os rumos da esquerda no Brasil
Rio de Janeiro: Bom Texto, 2003.
por Marcos Barreira

Lúcio Flávio de Almeida. A ilusão do desenvolvimento:
nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK
Florianópolis: UFSC, 2006
por Danilo Enrico Martuscelli

Chamada de trabalhos
V Colóquio Internacional Marx e Engels

O Estado e a construção de Estados


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Resumo: O Estado vem sendo estudado de diversas perspectivas, porém nenhuma teoria isolada pode compreende-lo completamente e explicar suas complexidades. O Estado e o sistema interestatal comportam-se como um alvo móvel devido a sua complexa lógica de desenvolvimento e em virtude do fato de haver diversas tentativas de transforma-los. Além do mais, apesar das tendências de reificar o Estado e trata-lo como pairando acima e fora da sociedade, não pode haver teoria adequada do Estado sem uma teoria ampla da sociedade. Pois, o Estado e o sistema político são partes de um conjunto mais amplo de relações sociais e nenhum projeto estatal ou de poder estatal pode ser adequadamente entendido separado deste conjunto.

Palavras-chave: 1. Estado; 2. Teoria; 3. Sociedade

 

The State and the State-building

Abstract: The state has been studied from many perspectives but no single theory can fully capture and explain its complexities. States and the interstate system provide a moving target because of their complex developmental logics and because there are continuing attempts to transform them. Moreover, despite tendencies to reify the state and treat it as standing outside and above society, there can be no adequate theory of the state without a wider theory of society. For the state and political system are parts of a broader ensemble of social relations and neither the state project or the state power can be adequately understood outside their embedding in this ensemble.

Keywords: 1. State; 2. Theory; 3. Society

 

A totalidade como categoria central na dialética marxista


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Resumo: O presente artigo constitui um ato de resistência ao ataque e à supressão de uma categoria entre as mais centrais da gnosiologia dialética marxista, a categoria de totalidade. Para dar conta da tarefa, o autor examinou como esta categoria foi elaborada por importantes pensadores marxistas – de Marx, passando por Engels, Lukács e outros – e como e por que permanece atual e insubstituível no pensamento sobre as diferentes esferas de sociabilidade burguesa e o processo de sua superação.

Palavras-chave: 1. Gnosiologia; 2. Dialética; 3. Modo de produção

 

Totality as a central category in Marxist dialectics

Abstract: This article constitutes an act of resistance against the attack and the abolition of one of the most important categories of the Marxist dialectic gnosiology, that of totality. To accomplish this task, the author had to research how the above-mentioned category was  posed by important marxists – from Marx and Engels to Lukács and others -, and how and why it remains a necessary tool to understand the different bourgeois social spheres and also its overcoming.

Keywords: 1. Gnosiology; 2. Dialectic; 3. Mode of production

RESENHAS EDIÇÃO 15


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Revista Outubro – Edição 15 – Resenha

Domenico Losurdo. Antonio Gramsci:
do liberalismo ao “comunismo crítico”
Rio de Janeiro: Revan, 2006.
por Leandro Galastri

Edmundo Fernandes Dias. Política brasileira:
embate de projetos hegemônicos.
São Paulo: Instituto José Luiz e Rosa Sunderemann
2006. Série Polêmicas, 4.
por Maria Amélia Ferracciú Pagotto

Felipe Demier (coord.). As transformações do PT e os rumos da esquerda no Brasil
Rio de Janeiro: Bom Texto, 2003.
por Marcos Barreira

Lúcio Flávio de Almeida. A ilusão do desenvolvimento:
nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK
Florianópolis: UFSC, 2006
por Danilo Enrico Martuscelli

Chamada de trabalhos
V Colóquio Internacional Marx e Engels

EDIÇÃO 14 COMPLETA

Revista Outubro ganha nova editora e projeto gráfico

Em seu 14º número, a revista Outubro ganha cara e editora novas. O novo visual gráfico da publicação do Instituto de Estudos Socialistas busca reforçar sua identidade, marcada pelo debate crítico de temas relacionados a política internacional e a ciência política, passando pela história, sociologia e economia. Entre os autores, figuram intelectuais brasileiros e estrangeiros que, em comum, encontram na melhor teoria social e marxista os elementos para entender de modo profundo e claro o mundo em que vivemos.

No artigo de abertura, o norte-americano John Bellamy Foster, co-editor da renomada Monthly Review, procura revelar aquilo que a ideologia “democrática” dos Estados Unidos esconde. A partir de textos “canônicos” da geopolítica, mas também passando por obras e documentos representativos do pensamento imperial dos EUA, Foster mostra que a política imperial do país atua no sentido de criar um espaço global para a acumulação de capital liderado pela classe dominante norte-americana.

Entre os brasileiros, destacamos o texto de Marcelo Badaró Mattos, que avalia a apropriação da obra do historiador marxista inglês E.P. Thompson. Para Mattos, Thompson sofreu no Brasil um processo de “domesticação” não-marxista ou, até mesmo, antimarxista. Também nesta edição, os movimentos sociais na França são tema de um instigante artigo do professor de história da USP Osvaldo Coggiola, que discute a força das manifestações da juventude francesa contra o Contrato do Primeiro Emprego.

A editora Alameda passa, também, a distribuir números anteriores da revista.

Índice

 

A nova geopolítica do império

John Bellamy Foster (University of Oregon, Estados Unidos)

 

O materialismo histórico de Cohen: um determinismo tecnológico fadado a uma guinada normativa

Fabien Tarrit (Université de Reims Champagne-Ardene, França)

 

Da produção do chamado “jovem Marx”: algumas notas sobre os Manuscritos econômico-filosóficos

Jesus Ranieri (Unicamp)

 

E. P. Thompson no Brasil

Marcelo Badaró Mattos (UFF)

 

A miséria da historiografia

Demian Bezerra de Melo (UFF)

 

O movimento sindical frente ao governo Lula: dilemas, desafios e paradoxos

Andréia Galvão (Unicamp)

 

França inaugura uma nova etapa política na Europa

Osvaldo Coggiola (USP)

 

O setor bélico: por que ele se instalou no coração da economia estadunidense?

Gilson Dantas (UnB)
A “economia solidária”: uma crítica marxista

Claus Germer (UFPR)

 

Resenhas:

François Chesnais (org.). A finança mundializada:
raízes sociais e políticas, configuração, conseqüências.
São Paulo: Boitempo, 2005.
por Eleutério F. S. Prado

Antonino Infranca. Trabajo, individuo e historia: el concepto de trabajo em Lukács.
Buenos Aires: Herramienta, 2005.
por Tatiana Fonseca Oliveira

Maria Cecília Manzoli Turatti. Os filhos da lona preta: identidade e cotidiano em acampamentos do MST.
São Paulo: Alameda, 2005.
por Luciana Aliaga

João Bernardo. Democracia totalitária.
São Paulo: Cortez, 2004.
por Ronan Gomes Gonçalves

O materialismo histórico de Gerald Cohen: um determinismo tecnológico fadado a uma guinada normativa


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Resumo: Esse artigo tem por objetivo apresentar e criticar a defesa da concepção marxista da história realizada por Gerald Cohen. Seu primeiro livro, Karl Marx’s theory of history: a defense, é considerado o documento fundador do marxismo analítico. Sua originalidade consiste em utilizar o texto do “Prefácio de 1859” e dar a ele uma interpretação não dialética e causal. A história é vista como uma relação entre forças produtivas e relações de produção, em que as primeiras, redutíveis à ciência, tendem a se desenvolver incessantemente durante toda a história. A abordagem de Cohen, que podemos chamar por determinismo tecnológico, se fundamenta na explicação funcional. Assim, o artigo mostra como Cohen, em uma edição nova e ampliada de seu livro, reviu suas reivindicações centrais para dar prioridade a explicações normativas.

Palavras-chave: 1. Gerald Cohen; 2. Marxismo; 3. História

 

Gerald Cohen’s historical materialism: a technological determinism doomed to a normative turning

Abstract: This article aims to present and criticize Gerald Cohen’s Marxist conception of History. His first book, Karl Marx’s theory of history: a defense, is considered as the founding document of analytical Marxism. Its originality lays in the use of the text of the  “Preface” of 1859 in a non-dialectical and causal interpretation. History is seen as as relationship between productive forces and relations of production, on which the former, reducible to science, tend to develop ceaselessly during History. Cohen’s approach, which we may call technological determinism, is based in a functional explanation. Therefore, the article shows how Cohen, in a new and enlarged edition of the book, has revised his central position, in order to prioritize normative explanations.

Keywords: 1. Gerald Cohen; 2. Marxism; 3. History

A miséria da historiografia


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Resumo: Importantes temáticas da história brasileira vem sendo submetidas a revisões radicais nos últimos anos. É o caso do golpe de 1964, que tem sido alvo de uma onda revisionista. Em 1964, as esquerdas empreenderam uma ação uma ação para ampliar os limites do regime democrático de então, e por isto são hoje acusadas de golpistas por historiadores revisionistas. O propósito deste artigo é discutir criticamente a perspectiva teórica que tem motivado tal revisão. Para isto, são analisados os trabalhos de Argelina Figueiredo, Jorge Ferreira e Daniela Aarão dos Reis, representantes deste revisionismo, contrapondo-os ao trabalho clássico de René Dreifuss.
Palavras-chave: 1. Historiografia; 2. Revisionismo; 3. Golpe de 1964

 

The poverty of historiography

Resumo: Some important themes of Brazilian history have been submitted to radical revisions in the past years. That is the case of the 1964 military coup d’etat, a common target of this revisionist perspective in the most recent period. In 1964, the Left had undertaken an action to extend the limits of the democratic system of that period, and for this nowadays it’s accused by revisionist historians of desiring and even planning a coup d’etat. For this reason, this article analyzes the representatives of this revisionist historiography, such as Argelina Figueiredo, Jorge Ferreira and Daniel Aarão dos Reis, contrasting their ideas to the classic work of René Dreifuss.

Keywords: 1. Historiography; 2. Revisionism; 3. 1964 military coup d’etat.